terça-feira, outubro 8, 2024
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Que país é este?

Vem com essa conversinha, não; a lei é para todos. Olha aí esse monte de direitos. Fez bobagem tem que pagar. Não é assim que a gente ensina para as crianças? Aqui se faz, aqui se paga. Esse papo de “punição não resolve nada” ou “a prisão piora o sujeito” é conversa da carochinha. Não entra nessa. É coisa desses advogados. Adoram arrumar uma brecha na lei, né?

Um bom chá de cadeia corrige o sujeito, pode ter certeza. Que importam essas formalidades todas? E a quantidade de recursos? Um abuso. Esses advogados ganham rios de dinheiro. A culpa é da Constituição, né, que garante direitos demais. Veja os EUA. É cadeira elétrica e não tem conversa. O que importa é se fez ou não fez. Ponto final. Aí vem a turma dos direitos humanos dizer que a prova não vale, que confessou mediante tortura, que o “devido processo” não foi respeitado. Quem quer saber disso? Tudo conversa para boi dormir.

Querem mesmo é ver bandido solto. “Bandidolatria”. Pronto, falei! Outro dia o cara foi solto porque o juiz —comunista, certeza— disse que o reconhecimento facial não vale como prova. Que país é este?! O cara foi reconhecido, não foi? Então pronto. Foi ele. Quem reconheceria alguém por engano? E vamos combinar que rezando também não estava, né? Entre nós, claro. Gente da pesada. Tudo marginal. A polícia prendeu porque era bandido. Aí vai o juiz e solta.

Este país não dá mais. Eu vou-me embora. Isto aqui não foi feito para gente de bem. Quem trabalha é que é errado. A gente está preso e os bandidos, soltos. Como pode isso? Tá louco, viu. Como essa turma da Lava Jato. “Ah, o juiz é parcial!” Ainda bem, ué. Se não fosse, quem combateria a corrupção assim?! Só um juiz assim mesmo. Tem que ir para cima. Se não fosse ele, não teria Lava Jato.

Agora, olha só o STF; não respeita mais nada. Aqueles ministros acham que são os donos do país. Onde já se viu tanto poder na mão de um tribunal? E o devido processo legal? Não existe mais, né? A Constituição não existe mais. E ainda querem usar a confissão do cara preso. Nem na China. Viramos uma ditadura.

Como pode um julgador concentrar tanto poder assim? Nem entro no mérito das acusações, se fez ou não fez. O que não dá é para atropelar a lei desse jeito. Mandam prender para depois julgar. Presunção de inocência para inglês ver. Virou ditadura.

Cadê os direitos humanos? Hein? Cadê? Ninguém vai falar nada? O país sendo entregue ao arbítrio e todo mundo quieto. Tudo em nome da democracia, né? Sei.

E quem vai devolver a dignidade dessa gente? Olha o coitado ali. Gente como a gente. Preso, coitado. Não foi ele. Eu sei que não foi. Conheço a família. Mas quem se importa com a prova? Foi reconhecido sabe Deus como. E, pronto, numa canetada está preso. Lei para quê, né?

E o tamanho da pena? Para que isso? Esses dias deram uma dentro. Decidiram que o cara condenado pelo júri deve ser preso imediatamente, independentemente de recurso. Tá certo, é muito recurso. Tá louco. Os advogados espernearam, para variar. A presunção de inocência virou uma religião, já reparou? É essa nossa Constituição. Vou te falar, viu…

Claro, quanto mais impunidade melhor para eles. Mais clientes, mais recursos, mais dinheiro. Assassino não tem perdão. Não pode dar moleza. Quem inventou essa coisa de júri? Parece que foram os ingleses.

Problema mesmo é quando inocentam o cara. Aí é dureza. Um cabra como eu julgando as pessoas? Não dá, né? Aí tem que anular. Manda refazer até condenar. Não dá para deixar o cabra solto, né? Tem que prender mesmo. Lei é lei.

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