sexta-feira, outubro 11, 2024
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Câmara de São Paulo ruma ao centro

Uma máxima na política diz que um novo Legislativo é sempre pior que o anterior, mas melhor que o próximo. Blagues à parte, a futura composição da Câmara Municipal de São Paulo —a maior do país, com 55 vereadores— permite vislumbrar o que o próximo prefeito e, principalmente, os paulistanos podem esperar da Casa para o quadriênio 2025-28.

Ainda que a fragmentação em 16 partidos —cujos integrantes, em grande parte, estão mais afeitos a conveniências particulares do que a empunhar bandeiras coletivas— turve uma análise mais consolidada do espectro ideológico, é possível concluir que o futuro ciclo estará mais ao centro e menos à direita.

Conforme o GPS partidário, métrica da Folha que posiciona as agremiações, as de direita passarão de 26 para 17 cadeiras; as de centro, de 12 para 20; e as de esquerda, de 17 para 18.

A vitória apertada no primeiro turno do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), sobre o psolista Guilherme Boulos, por 29,48% a 29,07% dos votos válidos, não se refletiu na divisão do Legislativo.

Embalado por uma ampla coalizão, Nunes amealhou 65% do total, com 36 aliados. Já a fatia de Boulos corresponde a 25% (16).

Enquanto a renovação neste ano registrou ligeira queda (20 novos edis, ou 36%, ante 40% das duas últimas eleições), a bancada feminina, boa notícia, triplicou em relação há 12 anos.

As mulheres pularão de 13 para 20 (36%), ainda longe, contudo, de sua proporção na capital (53%). Pretos e pardos cresceram de 22% para 29%, mas também sem equivalência (44%, no total).

Os novatos podem ser minoria, mas o desempenho que tirou de cena legisladores experientes impressiona pela força popular: nada menos que os três mais votados são estreantes na política.

Atual presidente da Casa, Milton Leite (União Brasil) não tentou outro mandato após 30 anos, talvez em razão de investigações que o colocam como testemunha em eventual ligação do PCC com empresas de ônibus. Ainda assim, elegeu três vereadores, e sua influência seguirá considerável.

A correlação de forças dependerá de quem será o próximo prefeito, mas Boulos, por óbvio, terá mais dificuldades em costurar uma base de sustentação.

Independentemente de inclinações ideológicas e de quem seja eleito, espera-se da Câmara menos fisiologismo e busca frenética por cargos e emendas; autonomia em relação ao Executivo; e, sobretudo, projetos que defendam os interesses da maioria dos paulistanos. Se será melhor ou pior, só o tempo dirá.

editoriais@grupofolha.com.br

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