Embraer precisa disputar encomenda de novo avião presidencial
Na terça-feira soube-se que, ao decolar da Cidade do México, o Aerolula encrencou e teve que voar em círculos durante quase cinco horas para queimar combustível antes de voltar ao ponto de partida. Estavam a bordo o presidente, sua mulher, dois ministros e duas senadoras. No dia seguinte, a repórter Naira Trindade revelou o que aconteceu no ar.
Na subida, o piso do avião trepidou, e passageiros que estavam nos assentos dos fundos perceberam que saía fumaça de uma turbina.
Lula saiu de sua poltrona para ver o que acontecia. Mandou voltar ao aeroporto e soube que seria necessário consumir o combustível, coisa para várias horas.
Ao sacar seu telefone, outra surpresa, não havia conexão. Reclamou: “Até no Sucatinha o telefone funcionava”. Diante de uma espera de horas, sem telefone, restava a possibilidade de ver um filme. A TV também não tinha conexão.
Depois de dar 50 voltas sobre a Cidade do México, o Aerolula pousou, e a comitiva embarcou em um avião de reserva da Presidência. Não tinha conexão com a internet. Lula aborreceu-se: “Qualquer avião mequetrefe fala [ao telefone], não tenho um satélite nessa po**a. A gente não pode passar por isso”.
Dias depois, ele revelou ter temido que o avião caísse e que esperou por um milagre.
Comprado em 2004, o Airbus europeu está na metade de seu ciclo de vida. Desde os primeiros meses de seu terceiro mandato, Lula quer um novo avião. A ideia seria comprar uma aeronave com mais autonomia, mais espaço e chuveiro. Coisa de R$ 400 milhões.
Numa trapaça da sorte, dias antes da encrenca com o Aerolula, presidente e seu vice assinaram um artigo louvando o programa Nova Indústria Brasil:
“Produzimos aviões, máquinas agrícolas, vacinas e diversos medicamentos. E hoje estamos atuando ativamente para reverter a chamada ‘desindustrialização precoce’, tratada por alguns como um problema crônico e insolúvel da nossa economia.”
O Brasil produz aviões há décadas, mas, em 2004, o Aerolula foi comprado na Europa.
Deu-se então um episódio que explica o fenômeno solúvel da desindustrialização. Quando o presidente quis comprar um avião com autonomia para voar pelo mundo, a Embraer informou à comissão que tratava do assunto e que a empresa tinha planos para fabricar “uma aeronave para o transporte de autoridades (…) que, com certeza, cumprirá os requisitos ora em consideração pelo Comando da Aeronáutica”.
Meses depois, em 2004, quando fechou-se a compra do Airbus, a mesma Embraer informou: “A Embraer esclarece (…) que não tem planos para dispor de aeronave desta categoria em horizonte inferior a pelo menos cinco anos”.
Caso raro de empresa que agradava ao palácio, favorecendo a concorrência.
Em 2004, a participação da indústria de transformação no PIB brasileiro era de 19%. Vinte anos depois, caiu para 11%.
Autoridade Climática
A criação da Autoridade Climática, uma promessa de campanha de Lula, ressuscitada há um mês, subiu no telhado e ficará para 2025.
Confirma-se um ensinamento de Chagas Freitas. Senhor da política do Rio de Janeiro durante a ditadura e governador do estado de 1979 a 1983: “Você pode demolir a avenida Rio Branco, mas, se para isso tiver que extinguir um cargo em comissão, a tarefa será impossível”.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.