sexta-feira, outubro 11, 2024
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SP tem disputa agressiva entre 3 candidatos vulneráveis

Por simbolismo, mas também por motivos concretos, a eleição para prefeito da maior cidade brasileira tende a ganhar dimensões nacionais. Nela costumam se envolver as principais forças políticas do país —como ocorre agora. Seus vencedores, e mesmo alguns dos derrotados, são tidos como candidatos naturais a voos mais altos.

A disputa deste ano em São Paulo, que terá sua primeira rodada decisiva neste domingo (6), mostrou-se particularmente árdua, agressiva e, ainda neste momento, imprevisível. Os três candidatos que a encabeçam tiveram suas fragilidades, até mais do que suas forças, expostas à exaustão durante a campanha.

Na véspera da abertura das urnas, o Datafolha aponta, mais uma vez, a liderança compartilhada entre o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 27% das intenções de voto, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), com 24%, e o neófito Pablo Marçal (PRTB), que também marca 24%. Em votos válidos, são 29%, 26% e 26%, respectivamente.

Do trio, só Nunes não conta com menos eleitores dispostos a endossar sua candidatura do que avessos a ela —na margem de erro. Sua taxa de rejeição de 25% o torna favorito num segundo turno. Mas chegar lá será difícil.

Mesmo contando com a máquina pública e dinheiro em caixa, com quase dois terços do tempo de propaganda em rádio e TV, com o apoio decidido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e nem tão decidido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o prefeito não consegue mais do que modestos índices de aprovação à gestão da cidade.

Boulos, derrotado no segundo turno há quatro anos, ampara-se na aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Numa cidade onde é expressiva a rejeição a teses de esquerda, o psolista tem feito esforços pouco frutíferos para reduzir o contingente de 38% que dizem não votar nele em nenhuma hipótese.

Embora mantenha o ataque ao bolsonarismo, procurou se afastar de bandeiras de seu partido, da defesa da ditadura venezuelana até o direito ao aborto. Suas críticas à atual administração municipal têm mais teor gerencial do que ideológico.

Grande surpresa da campanha, Marçal atraiu votantes bolsonaristas, evangélicos e antissistema com uma combinação de conservadorismo religioso e provocações não raro caluniosas dirigidas aos adversários. Sem acesso à propaganda oficial, valeu-se das redes sociais e do número recorde de debates.

Seu comportamento arruaceiro também lhe rendeu a repulsa por parte de mais da metade (53%) do eleitorado paulistano —e o ex-coach não parece reunir ideias para mudar esse quadro.

Vislumbram-se, pois, três cenários possíveis de segundo turno, cada qual com implicações políticas muito diferentes. Em qualquer hipótese, o cidadão paulistano merece um escrutínio mais aprofundado dos planos efetivos dos candidatos para a cidade.

editoriais@grupofolha.com.br

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